Blog criado com foco na aprendizagem dos meus alunos no período da pandemia. Para a produção das aulas, utilizei fontes como "Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras", de Maria Luiza M. Abaurre e Marcela Pontara; "História concisa da literatura brasileira", de Alfredo Bosi; "Brasil: uma história", de Eduardo Bueno; materiais do Sistema Objetivo, do SAS, bem como sites de conteúdo de Língua Portuguesa, entre outros. Mapas mentais criados através do Canva. Produção sem fins comerciais.
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[MOVIMENTO] PRÉ-MODERNISMO
Rendição de conselheiristas em Canudos, "400 jagunços prisioneiros", de Flávio de Barros (2 de outubro de 1897)
A fotografia acima apresenta dois grupos de pessoas, as que estão sentadas, em primeiro plano, e as que estão em pé, ao fundo da imagem. Você consegue distinguir os dois grupos? Como identificaria cada um deles?
Essa fotografia, tirada pelo único fotógrafo que registrou a Guerra de Canudos, mostra o momento em que mulheres, feridos e crianças se rendem como forma de estratégia final para os conselheiristas que restiram até o fim no arraial. Todos foram mortos pelo exército minutos depois desse registro fotográfico. A própria imagem contesta seu título, que busca colocar os habitantes de Canudos como perigosos e violentos.
# CONTEXTO HISTÓRICO
Os primeiros anos da República foram agitados no Brasil. Para relembrar o período da República Velha, observe abaixo o mapa mental do Descomplica:
A Proclamação da República, em 1889, não representou grandes mudanças nos cenários econômico e social. A situação das famílias que viviam no campo, 2/3 da população do país, continuava sendo determinada pelos grandes latifundiários, que controlavam extensas porções de terra.
O processo de reurbanização de grandes capitais retirou os pobres dos cortiços, com a desculpa de embelezar os centros das cidades, e empurrou-os para locais de difícil assim. Iniciava-se assim o processo de favelização.
A região Nordeste do país enfrentava o problema crônico da seca. Vivendo de modo precário, muitos aderiram à pregação de Antônio Conselheiro, beato que profetizava que o sertão viraria mar e vice-versa.
Para relembrar a Guerra de Canudos, assista ao vídeo abaixo:
# MAIS+
A canção "Sobradinho", de Sá e Guarabyra, retoma a profecia de Antônio Conselheiro ao falar sobre a Represa de Sobradinho; sua construção gerou um imenso lago, que cobriu diversas cidades citadas na música.
O filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, se encerra, após a morte de Corisco, com uma música que também reproduz a profecia de Conselheiro.
A banda O Rappa, no clipe da música "Súplica cearense", buscou reproduzir a Guerra de Canudos por meio de uma animação.
Como você sabe e pôde relembrar no mapa mental acima, foram diversos os conflitos no período inicial da República, mas foi justamente a Guerra de Canudos que inspirou a obra que marca o início do que ficou, posteriormente, conhecido como Pré-modernismo: "Os sertões", de Euclides da Cunha.
AUTORES & OBRAS
EUCLIDES DA CUNHA: Foi chamado, inicialmente, como jornalista para cobrir os conflitos de Canudos. Os seus relatos iniciais se diferenciam do registro feito, posteriormente, na obra "Os sertões"; já que sua crença na República sofreu um abalo após presenciar os embates entre os conselheiristas e as tropas do exército.
"Os sertões" (1902): É difícil definir a obra, pois a narrativa apresenta características de texto literário, de tratado científico, de investigação socioantropológica e de matéria jornalística. Essa mistura de estilo aponta para novas tendências literárias, característica dos pré-modernistas; porém, o livro tem traços marcados de Naturalismo, já que apresenta o homem enquanto produto do meio em que vive, neste caso, o sertão nordestino. Euclides da Cunha antecipa características que seriam aprofundadas décadas depois no Romance de 30.
Estrutura da obra:
I) A Terra - apresentação detalhada das características do sertão nordestino, com informações sobre o clima, a composição do solo, o relevo e a vegetação.
II) O Homem - retrato do sertanejo, em que o texto procura demonstrar o impacto do meio sobre as pessoas. O destaque fica para a apresentação de Antonio Conselheiro e sua transformação em líder messiânico.
III) A Luta - narração dos embates entre as tropas oficiais e os conselheiristas. O livro termina com a descrição da queda do Arraial de Canudos e a destruição de todas as casas erguidas no local.
Leia abaixo dois trechos da obra: o primeiro fala sobre o Arraial e o segundo, sobre o sertanejo.
MONTEIRO LOBATO: Você com certeza conhece o autor por suas narrativas infanto-juvenis, mas sua produção literária é muito vasta. Lobato escreveu contos, romances, artigos etc. Na obra de contos "Urupês", o autor constrói a figura do Jeca Tatu, que ficou muito conhecida na literatura do país. O caboclo simbolizaria o atraso do campo, sendo visto como um "parasita da terra". Anos depois, Lobato reconheceu que o problema não estava no homem simples do campo, mas na desigualdade e na falta de recursos. Uma das questões importantes que irá apontar é a do saneamento básico. Leia abaixo um trecho de "Urupês".
Abaixo você pode assistir ao trailer do filme "Jeca Tatu", inspirado na obra de Monteiro Lobato. É possível perceber que a intenção do filme é causar riso sobre a figura do Jeca, o que reflete como essa parcela da população era vista diante da elite.
AUGUSTO DOS ANJOS: É difícil classificar este poeta nos limites de uma escola ou movimento literário. Cantor da "carne em putrefação", paradoxal, virulento, mórbido, pessimista; sua poesia incorpora o vocabulário científico do Naturalismo, as formas do Parnasianismo, a postura negativista do Decadentismo, a exploração das sonoridades do Simbolismo, a atração pelo horrendo e pelo disforme do Expressionismo e as notações insólitas e absurdas do Surrealismo. Para além de todos esses elementos, sua presença apresenta a o caráter antipoético que se consolidaria anos depois com o Modernismo. Escreveu um único livro de poemas chamado "Eu". Ouça abaixo o poema "Vandalismo".
LIMA BARRETO:O autor nasceu no período do início do Realismo no Brasil e morreu no ano em que se realiza a Semana de Arte Moderna, ou seja, não viu se consolidarem as novas tendências literárias, já presentes em sua obra. Escritor negro, neto de avó alforriada, teve apoio de um padrinho para realizar seus estudos, mas sofreu preconceito durante toda a sua vida. Contava suas histórias a partir da perspectiva dos subúrbios cariocas, dando destaque para personagens como funcionários públicos, professores, moças da classe média à espera de casamento, entre outros deixados de lado pelo Romantismo e Realismo.
# Assista ao vídeo abaixo para conhecer um pouco mais sobre o autor e sua principal obra: "Triste fim de Policarpo Quaresma":
+MAIS
Para saber mais sobre a história de vida do autor, assista ao vídeo da Revista Nexo:
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