[MOVIMENTO] ROMANTISMO: EUROPA E BRASIL



 "Caminhante sobre um mar de névoa", de Caspar David Friedrich (1818)

A obra acima representa bem as características da estética romântica e o que simbolizou essa geração. Perceba que o homem, no topo de um monte, está de costas para o espectador, ou seja, voltado a si mesmo. Ele é a única figura humana e ocupa o centro do quadro, o que aponta para a valorização do indivíduo; sua posição, de corpo e cabeça, indicam que ele olha para o abismo à sua frente, como se estivesse tomado por sua contemplação, por seus pensamentos. A paisagem está envolta em neblina, então não é possível distinguir o que está adiante. Esses elementos apontam para uma geração envolta em incertezas, em meio a turbulentas mudanças sociais, que buscava olhar para si e criar, nas artes, uma estética própria, original, carregada de emoções e subjetividade. Estamos falando dos autores românticos.


Romantismo: características gerais



"Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe, é a obra que dá início ao Romantismo na Alemanha; outras obras românticas são publicadas na Inglaterra e na França. Os movimentos nesses três países têm algumas características próprias, mas um eixo em comum. A partir da França, o Romantismo se espalha por toda a Europa. 

# Ouça abaixo uma música baseada na famosa obra do Romantismo inglês: "O morro dos ventos uivantes", de Emily Brontë.


Na obra em questão, obstáculos sociais e econômicos separam dois jovens apaixonados, Catherine e Heathcliff; porém, o amor entre eles não é destruído nem mesmo com a morte. A paisagem, sempre tempestuosa, simboliza as emoções turbulentas das personagens.

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O movimento romântico no Brasil é impulsionado pela vinda da Família Real para a capital da colônia, Rio de Janeiro, a instituição do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve e, em 1922, a Independência do Brasil
A criação da imprensa oficial ampliou a publicação de jornais e periódicos, o que estimula a produção literária e amplia o público leitor. Os autores passam a vender seus escritos e isso se torna uma fonte de renda. 



1ª geração romântica: Indianismo



Na poesia, a produção romântica se divide em três gerações: indianista, ultrarromântica e condoreira. A prosa também teve sua produção indianista, por isso foi apresentada no mapa mental acima no destaque para a geração indianista. Há também romances regionalistas e romances urbanos; estes ganharam destaque no Romantismo brasileiro.

Antes de falarmos da 1ª geração do Romantismo, vamos comentar uma obra muito conhecida na literatura brasileira justamente por ter fugido aos padrões estéticos da época: "Memórias de um sargento de milícias", de Manuel Antônio de Almeida. 


Como a obra foi publicada em periódicos, entre 1852 e 1853, o autor pôde acompanhar a recepção do público para o seu enredo e isso influenciou nos rumos da narrativa. Um novo modelo de produção estava criado.

# Leia no link abaixo os quadrinhos baseados na obra:

# Neste outro link, você pode ler o artigo "Dialética da malandragem", em que o Prof. Antonio Candido analisa a obra:




Leia um artigo sobre a obra publicado no Jornal da USP:




2ª geração romântica: Ultrarromantismo



SONETO

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada…
— Era um anjo entre nuvens d’alvorada,
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando…
Negros olhos as pálpebras abrindo…
Formas nuas no leito resvalando…

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando,
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!

(Álvares de Azevedo)




3ª geração romântica: Condoreirismo


"Uma vez embarcados, os homens eram trancafiados no porão situado na parte traseira da embarcação. As mulheres seguiam para outro compartimento, na dianteira, mais próximo dos alojamentos da tripulação. Entre esses dois setores, bem no meio do navio, erguia-se uma barricada, que serviria de trincheira aos tripulantes em caso de rebelião. (...) Em toda a história do tráfico foram documentadas cerca de seiscentas revoltas de escravos em alto-mar. Dessas, apenas em 26 casos os cativos conseguiram controlar o navio e retornar à costa da África. Rebeliões antes da chegada à costa da América eram mais incomuns. A mais famosa, tema de um filme de Steven Spielberg, é a do navio Amistad, capturado em 1839 por um grupo de escravizados* africanos nas vizinhanças de Cuba e levado para Nova York, onde os rebeldes foram todos libertados após um julgamento que mobilizou a opinião pública norte-americana."


(Trailer do filme "Amistad", de Steven Spielberg)

"Dentro dos navios, os compartimentos destinados aos cativos eram minúsculos, insalubres, sem ventilação e iluminação adequada. Os porões, adaptados para o transporte de cativos, eram subdivididos em camadas construídas com pranchas de madeira, tão próximas umas das outras que era impossível caminhar de pé entre elas. Por isso, os escravos passavam a maior parte da viagem deitados, muitas vezes de lado por não haver espaço suficiente para que todos ficassem de costas. (...) A quase imobilidade num ambiente tão exíguo criava situações desesperadoras. Presos por correntes em duplas, os cativos tinham dificuldade para chegar até os tonéis que lhe serviam de latrinas nas laterais dos porões. (...) Muitos preferiam urinar e defecar no próprio espaço em que dormiam, o que gerava tensões e brigas entre eles. Disenterias eram frequentes devido ao consumo de alimentos estragados e água contaminada. (...) Os navios negreiros eram famosos pelo mau cheiro. Tanto que muitos marinheiros diziam ser possível detectar a sua presença em alto-mar antes que aparecessem na linha do horizonte. Sua aproximação era percebida contra o vento, que antecipava o odor dos seus porões quando ainda estavam a muitos quilômetros de distância."

(Trechos do livro "Escravidão", de Laurentino Gomes)


Para visualizar a estrutura interna de um navio negreiro, clique aqui. O documento é de um navio britânico.


A questão racial é um debate bastante presente no Brasil, situações atuais demonstram a importante da discussão sobre racismo estrutural.  O rap se tornou um espaço de denúncia social, o álbum "Sobrevivendo no inferno", do grupo Racionais Mc's, é um exemplo disso. O disco ganhou uma edição de livro e é uma das leituras obrigatórias da UNICAMP atualmente.


As mulheres também têm ganhado cada vez mais espaço dentro do cenário do rap. Abaixo você pode assistir a uma apresentação da cantora Bia Ferreira no Sofar Curitiba, cantando a música "Cota não é esmola", em que fala sobre a questão das cotas raciais. 






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