[REDAÇÃO] DESCRIÇÃO

 



Assim como a narração e a dissertação, a descrição também é um tipo de texto, mas raramente encontramos um texto que seja 100% descritivos. Em geral, a descrição aparece mesclada a outros textos. Tente pensar em tudo aquilo que nós podemos descrever... As possibilidades são muitas, certo? 


Hoje, muitas vezes recorremos aos aparelhos celulares e à internet quando queremos mostrar algo para alguém, mas imagine que você não esteja com este suporte em mãos... Como faria para descrever um objeto, uma pessoa ou um lugar?


Vamos tentar? Eu vou descrever um objeto e você tenta adivinhar em qual objeto eu estou pensando, tá bom?


Hum... Esse objeto existe em variados tamanhos e pode ser feito com diferentes tipos de materiais: plástico, metal, prata, madeira, entre outros; o utilizamos praticamente em todos os dias, algumas pessoas o utilizam até mais do que uma vez por dia; em geral, ele é usado em conjunto com outro objeto de mesma função; as mãos e a boca são as principais partes do corpo relacionadas ao uso deste objeto; ele possui dentes e normalmente fica guardado na cozinha. 


E aí, já sabe o que é?


Se você pensou em um...



GARFO, acertou!


A descrição aguça nossa imaginação e nossos cinco sentidos, assim, se torna parte importante das obras literárias. A partir dela, podemos saber como é uma determinada personagem, como é o cenário em que ela se encontra, também podemos saber o que está acontecendo em um determinado momento da narrativa etc. 


Quer tentar fazer isso também? 

Pense em um objeto e tente descrevê-lo a alguém para ver se a pessoa consegue adivinhar qual é. A pessoa adivinhou? Demorou para adivinhar? Quanto mais completa a descrição, mais fácil de chegarmos à resposta, não é mesmo?

Quando descrevi o garfo, por exemplo: se eu tivesse dito apenas que ele tem diversos tamanhos e pode ser feito com diferentes materiais, você provavelmente ficaria horas, talvez dias, tentando adivinhar sobre o que eu estaria falando, certo? Agora, se eu dissesse "este objeto é usado junto com uma faca", com certeza você acertaria na hora!


Agora observe estas imagens e tente descrevê-las com detalhes. Tente reparar em quais elementos linguísticos e gramaticais você utiliza para a descrição. Repare também em quais sensações essas imagens fazem você sentir. 












Você conseguiu perceber que utilizou diversos adjetivos e verbos de estado em suas descrições? Utilizou também verbos no gerúndio para as descrições sobre movimento, certo? Isso ocorre porque podemos fazer descrições estáticas e dinâmicas, a depender do que estamos observando ou queremos apresentar a alguém. 

Algumas descrições também podem mudar dependendo das sensações causadas nas pessoas. Olhe a última imagem, por exemplo... Todo mundo dirá que há uma árvore, uma lua no céu, neve; isso é uma descrição objetiva. Porém, enquanto algumas pessoas verão uma paisagem tranquila, que traz paz, outras a associarão com a ideia de solidão, de melancolia; neste caso, há uma descrição subjetiva.


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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO


O leão

  A menina conduz-me diante do leão, esquecido por um circo de passagem. Não está preso, velho e doente, em gradil de ferro. Foi solto no gramado e a tela fina de arame é escarmento ao rei dos animais. Não é mais que um caco de leão: as pernas reumáticas, a juba emaranhada e sem brilho. Os olhos globulosos fecham-se cansados, sobre o focinho contei nove ou dez moscas, que ele não tinha ânimo de espantar. Das grandes narinas escorriam gotas e pensei, por um momento, que fossem lágrimas.

  Observei em volta: somos todos adultos, sem contar a menina. Apenas para nós o leão conserva o seu antigo prestígio - as crianças estão em redor dos macaquinhos. Um dos presentes explica que o leão tem as pernas entrevadas, a vida inteira na minúscula jaula. Derreado, não pode sustentar-se em pé.

  Chega-se um piá e, desafiando com olhar selvagem o leão, atira-lhe um punhado de cascas de amendoim. O rei sopra pelas narinas, ainda é um leão: faz estremecer as gramas a seus pés.

Um de nós protesta que deviam servir-lhe a carne em pedacinhos.

- Ele não tem dente?

- Tem sim, não vê? Não tem é força para morder.

  Continua o moleque a jogar amendoim na cara devastada do leão. Ele nos olha e um brilho de compreensão nos faz baixar a cabeça: é conhecido o travo amargoso da derrota. Está velho, artrítico, não se aguenta das pernas, mas é um leão. De repente, sacudindo a juba, põe-se a mastigar capim. Ora, leão come verde! Lança-lhe o guri uma pedra: acertou no olho lacrimoso e doeu.

  O leão abriu a bocarra de dentes amarelos, não era um bocejo. Entre caretas de dor, elevou-se aos poucos nas pernas tortas. Sem sair do lugar, ficou de pé. Escancarou penosamente os beiços moles e negros, ouviu-se a rouca buzina do fordeco antigo.

  Por um instante o rugido manteve suspensos os macaquinhos e fez bater mais depressa o coração da menina. O leão soltou seis ou sete urros. Exausto, deixou-se cair de lado e fechou os olhos para sempre.

(Dalton Trevisan)


1. Há palavras no texto cujo significado você não conhece? Registre-as e, em seguida, busque seus significados e registre-os também.


2. O narrador constrói um jogo entre os tempos verbais. Observe os verbos presentes no texto e formule uma hipótese sobre o porquê dessa utilização. 


3. Dois paralelos são criados no enredo: macaquinhos/crianças e leão/adultos. Quais elementos do texto apresentam a aproximação entre esses pares? O que narrador busca apresentar com essa aproximação?


4. O trecho "ouviu-se a rouca buzina do fordeco antigo" apresenta uma figura de linguagem. Que figura de linguagem é essa e o que ela significa?


5. Retire do texto 10 (dez) adjetivos ou locuções adjetivas. 


6. Apesar de ser um predominantemente narrativo, há diversos momentos descritivos no texto. Aponte um trecho que apresente descrição estática e outro que apresente descrição dinâmica. 


7. Como você sabe, as narrativas podem apresentar discurso direto ou indireto. O trecho abaixo apresenta os dois tipos de discurso; reescreva-o transformando o discurso direto em indireto e vice-versa.


"Um de nós protesta que deviam servir-lhe a carne em pedacinhos.

- Ele não tem dente?

- Tem sim, não vê? Não tem é força para morder."


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PRODUÇÃO DE TEXTO


  • Primeiro, escolha um espaço de sua casa ou de seu bairro e faça uma descrição detalhada deste ambiente; você pode falar das cores, dos objetos, do formato e também pode se valer de suas percepções sensoriais: temperatura, texturas, aromas, sons etc.

  •  Em seguida, elabore uma narrativa fantástica em que o ambiente escolhido e a descrição feita por você estejam presentes. Você escolherá o tipo de narrador, as personagens, o tempo, tudo! No texto, precisa haver também a descrição de pelo menos uma das personagens


Dê asas à imaginação e... boa produção! 





Comentários

  1. * Lembrete dos tipos de discurso:

    DIRETO

    A Luiza disse: (3ª)
    - Não me lembro dos significados. (1ª)


    INDIRETO

    A Luiza disse que não se lembra dos significados. (3ª)

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