[EXERCÍCIOS] "FAMIGERADO" E "GRANDE SERTÃO: VEREDAS", DE GUIMARÃES ROSA
- Por que é importante para ele a resposta que será dada pelo narrador?
- "O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo". Por que o narrador faz essa afirmação?
- Explique por que, apesar da fama e da aparência, quem se encontra em posição de inferioridade é Damázio.
"O medo me miava."
"(...) espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos."
- Explique como a linguagem é trabalhada, nessas duas passagens, para tornar mais real para o leitor o que sentem as personagens.
EXERCÍCIOS - "Grande Sertão: Veredas"
1.
Leia o trecho abaixo.
“O
senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é
por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas,
demais do Urucúia. Toleima. [...] Lugar sertão se divulga: é onde os pastos
carecem de fechos; onde um pode torar, dez, quinze léguas, sem topar com casa
de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de
autoridade”.
O
texto é um fragmento de “Grande Sertão: veredas” (1956), único romance de Guimarães
Rosa. Sobre esta grandiosa obra, assinale a alternativa correta.
a)
Trata-se de uma história em que o autor fala da vida dos cangaceiros, “os
errantes sem eira nem beira”, que sofriam com o calor das matas amazônicas.
b)
É uma história apresentada como um imenso monólogo em que Riobaldo, ex-jagunço
do norte de Minas e agora pacato fazendeiro, conta os casos que viveu a um interlocutor.
c)
Conta a saga de Severino, um retirante que atravessa o sertão de Pernambuco em
busca de uma vida mais digna.
d)
Narra a história de amor entre Gabriela e Nacib, tendo os traços exóticos da
região de Ilhéus como cenário.
e)
Valendo-se do realismo fantástico em sua segunda parte, traz, como personagens
centrais, mortos que ressuscitam para denunciar a corrupção dos vivos.
2.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
“Explico ao senhor: o
diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado, ou o
homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum!
— é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me
faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que me vejam — é de
minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado
e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião
compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já o campo! Ah, a gente, na
velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum.
Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso
servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas
criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o
ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra,
no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho…”
Que
elementos no trecho indicam a presença de um interlocutor?
3. Leia o trecho.
"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido, desgovernado. Assim eu acho, assim eu conto (...). Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.”
O trecho acima, de Grande Sertão:
veredas, de Guimarães Rosa, esclarece um dos aspectos do tratamento dado ao
tempo nessa obra. Assinale a alternativa em que se explicita esse tratamento.
a) narrador alterna o relato de fatos importantes do passado com a narração de pequenos episódios mais recentes.
b) A ordem cronológica da narrativa vai conferindo aos fatos relatados a importância real que tiveram no passado.
c) A narrativa constrói-se a partir de um tempo reestruturado pela memória, em que os acontecimentos se classificam segundo uma ordem de importância subjetiva.
d) relato dos
acontecimentos não é feito em ordem cronológica, porque, se o fosse, ficaria
falseada a importância dos fatos narrados, visto que a memória é mentirosa.
e) tempo da narrativa
confunde na memória os acontecimentos significativos com aqueles que têm
importância menor.
4. Observe a imagem abaixo, ela foi
retirada da adaptação para os quadrinhos da obra Grande Sertão: Veredas.
- Levando em considerando o que é narrado, o que você acha que ele quis dizer com o trecho final: “Senhor tolere, isto é o sertão”?
5. Guimarães Rosa – numa linguagem em que a palavra é valorizada não só pelo seu significado, como também pelos seus sons e formas – tomou um tipo humano tradicional em nossa ficção, o jagunço, e transportou-o, além do documento, até a esfera onde os tipos literários passam a representar os problemas comuns da nossa humanidade.
Exemplifica as palavras acima o trecho
de Guimarães Rosa:
a) "O chefe disse: me traga
esse homem vivo, seu Getúlio. Quero o bicho vivão aqui e, pulando. O homem era
valente, quis combate, mas a subaqueira dele anganchou a arma, de sorte que foi
o fim dele. Uma parabelada no focinho, passarinhou aqui e ali e parou."
b) "À sua audácia e
atrocidade deve seu renome este herói legendário para o qual não achamos par
nas crônicas provinciais. Durante muitos anos, ouvindo suas mães ou suas aias
cantarem as trovas comemorativas da vida e morte desse como Cid, ou Robin Hood
pernambucano, os meninos tomados de pavor adormeceram mais depressa do que se
lhes contassem as proezas do lobisomem ou a história do negro do surrão muito
em voga entre o povo naqueles tempos."
c) "João Miguel sentiu na mão
que empunhava a faca a sensação fofa de quem fura um embrulho. O homem, ferido
no ventre, caiu de borco, e de sob ele um sangue grosso começou a escorrer sem
parar, num riacho vermelho e morno, formando poças encarnadas nas
anfractuosidades do ladrilho."
d) "Qu'é que me acuava?
Agora, eu velho, vejo: quando cogito, quando relembro, conheço que naquele
tempo eu girava leve demais, e assoprado. Deus deixou. Deus é urgente sem
pressa. O sertão é dele. Eh! – o que o senhor quer indagar, eu sei. Porque o
senhor está pensando alto, em quantidades. Eh. Do demo?"
e) "O tiroteio começou. A princípio ralo, depois mais cerrado. O padre olhava para seu velho relógio: uma da madrugada. Apagou a vela e ficou escutando. Havia momentos de trégua, depois de novo recomeçavam os tiros. E assim o combate continuou madrugada adentro. O dia raiava quando lhe vieram bater à porta. Foi abrir. Era um oficial dos farrapos cuja barba negra contrastava com a palidez esverdinhada do rosto."
Próximo do homem e do sertão mineiros, Guimarães Rosa criou um estilo que ressignifica esses elementos. O fragmento expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois:
a) demonstra a preocupação do narrador com a verossimilhança.
b) revela aspectos de confluência entre as vozes e os sons da natureza.
c) recorre à personificação dos animais como principal recurso estilístico.
d) produz um efeito de legitimidade atrelada à reprodução da linguagem regional.
e) expressa o fluir do rebanho e dos peões por meio de recursos sonoros e lexicais.
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