[EXERCÍCIOS] "FAMIGERADO" E "GRANDE SERTÃO: VEREDAS", DE GUIMARÃES ROSA

 


("Cavaleiros", de Carybé)



No link abaixo, você pode ler integralmente o conto "Famigerado", de João Guimarães Rosa. Esse texto pertence à obra Primeiras Estórias (1962)



O vocabulário abaixo pode te ajudar a compreender termos do conto. 



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EXERCÍCIOS - "Famigerado"

1. Que acontecimento dá início à história do conto?


2. Quem são as personagens as quais esse acontecimento coloca frente a frente?


3. Como se caracterizam essas personagens? Justifique com elementos do texto.


4. Qual o motivo que leva Damázio a procurar o narrador?
  • Por que é importante para ele a resposta que será dada pelo narrador?

5. Explique por que o uso da linguagem ajuda a marcar a diferença entre Damázio e o narrador.


6. Qual é a reação do narrador quando examina as feições de Damázio? Explique. 
  • "O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo". Por que o narrador faz essa afirmação?
  • Explique por que, apesar da fama e da aparência, quem se encontra em posição de inferioridade é Damázio. 

7. Releia:

"O medo me miava."

"(...) espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos."

  • Explique como a linguagem é trabalhada, nessas duas passagens, para tornar mais real para o leitor o que sentem as personagens.


8.
Guimarães Rosa recria a linguagem atribuindo novos sentidos ou novas formas às palavras. A partir disso, explique o processo de criação da palavra desafogaréu





"(...) nós, os homens do sertão, somos fabulistas por natureza. Está no nosso sangue narrar estórias; já no berço recebemos esse dom para toda a vida. Desde pequenos, estamos constantemente escutando as narrativas multicoloridas dos velhos, os contos e lendas, e também nos criamos em um mundo que às vezes pode se assemelhar a uma lenda cruel. Deste modo a gente se habitua, e narra estórias que corre por nossas veias e penetra em nosso corpo, em nossa alma, porque o sertão é a alma de seus homens. Assim, não é de estranhar que a gente comece desde muito jovem. Deus meu! No sertão, o que pode uma pessoa fazer do seu tempo livre a não ser contar estórias? A única diferença é simplesmente que eu, em vez de contá-las, escrevia.

(Trecho da entrevista de Rosa a Gunter Lorenz)

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EXERCÍCIOS - "Grande Sertão: Veredas"

 

1. Leia o trecho abaixo.

 

“O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucúia. Toleima. [...] Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar, dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade”.

 

O texto é um fragmento de “Grande Sertão: veredas” (1956), único romance de Guimarães Rosa. Sobre esta grandiosa obra, assinale a alternativa correta.

a) Trata-se de uma história em que o autor fala da vida dos cangaceiros, “os errantes sem eira nem beira”, que sofriam com o calor das matas amazônicas.

b) É uma história apresentada como um imenso monólogo em que Riobaldo, ex-jagunço do norte de Minas e agora pacato fazendeiro, conta os casos que viveu a um interlocutor.

c) Conta a saga de Severino, um retirante que atravessa o sertão de Pernambuco em busca de uma vida mais digna.

d) Narra a história de amor entre Gabriela e Nacib, tendo os traços exóticos da região de Ilhéus como cenário.

e) Valendo-se do realismo fantástico em sua segunda parte, traz, como personagens centrais, mortos que ressuscitam para denunciar a corrupção dos vivos.

 


2. Leia o texto a seguir e responda à questão.

 

“Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! — é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que me vejam — é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho…”

 

Que elementos no trecho indicam a presença de um interlocutor?

 



3. Leia o trecho.

"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido, desgovernado. Assim eu acho, assim eu conto (...). Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.”

O trecho acima, de Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa, esclarece um dos aspectos do tratamento dado ao tempo nessa obra. Assinale a alternativa em que se explicita esse tratamento.

a) narrador alterna o relato de fatos importantes do passado com a narração de pequenos episódios mais recentes.

b) A ordem cronológica da narrativa vai conferindo aos fatos relatados a importância real que tiveram no passado.

c) A narrativa constrói-se a partir de um tempo reestruturado pela memória, em que os acontecimentos se classificam segundo uma ordem de importância subjetiva.

d) relato dos acontecimentos não é feito em ordem cronológica, porque, se o fosse, ficaria falseada a importância dos fatos narrados, visto que a memória é mentirosa.

e) tempo da narrativa confunde na memória os acontecimentos significativos com aqueles que têm importância menor.

 


4. Observe a imagem abaixo, ela foi retirada da adaptação para os quadrinhos da obra Grande Sertão: Veredas.



  • Levando em considerando o que é narrado, o que você acha que ele quis dizer com o trecho final: “Senhor tolere, isto é o sertão”?

 

5. Guimarães Rosa – numa linguagem em que a palavra é valorizada não só pelo seu significado, como também pelos seus sons e formas – tomou um tipo humano tradicional em nossa ficção, o jagunço, e transportou-o, além do documento, até a esfera onde os tipos literários passam a representar os problemas comuns da nossa humanidade.

Exemplifica as palavras acima o trecho de Guimarães Rosa:

a) "O chefe disse: me traga esse homem vivo, seu Getúlio. Quero o bicho vivão aqui e, pulando. O homem era valente, quis combate, mas a subaqueira dele anganchou a arma, de sorte que foi o fim dele. Uma parabelada no focinho, passarinhou aqui e ali e parou."

b) "À sua audácia e atrocidade deve seu renome este herói legendário para o qual não achamos par nas crônicas provinciais. Durante muitos anos, ouvindo suas mães ou suas aias cantarem as trovas comemorativas da vida e morte desse como Cid, ou Robin Hood pernambucano, os meninos tomados de pavor adormeceram mais depressa do que se lhes contassem as proezas do lobisomem ou a história do negro do surrão muito em voga entre o povo naqueles tempos."

c) "João Miguel sentiu na mão que empunhava a faca a sensação fofa de quem fura um embrulho. O homem, ferido no ventre, caiu de borco, e de sob ele um sangue grosso começou a escorrer sem parar, num riacho vermelho e morno, formando poças encarnadas nas anfractuosidades do ladrilho."

d) "Qu'é que me acuava? Agora, eu velho, vejo: quando cogito, quando relembro, conheço que naquele tempo eu girava leve demais, e assoprado. Deus deixou. Deus é urgente sem pressa. O sertão é dele. Eh! – o que o senhor quer indagar, eu sei. Porque o senhor está pensando alto, em quantidades. Eh. Do demo?"

e) "O tiroteio começou. A princípio ralo, depois mais cerrado. O padre olhava para seu velho relógio: uma da madrugada. Apagou a vela e ficou escutando. Havia momentos de trégua, depois de novo recomeçavam os tiros. E assim o combate continuou madrugada adentro. O dia raiava quando lhe vieram bater à porta. Foi abrir. Era um oficial dos farrapos cuja barba negra contrastava com a palidez esverdinhada do rosto."


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EXERCÍCIO EXTRA - "O Burrinho Pedrês"


Leia o trecho abaixo. 


Próximo do homem e do sertão mineiros, Guimarães Rosa criou um estilo que ressignifica esses elementos. O fragmento expressa a peculiaridade desse estilo narrativo, pois:

a) demonstra a preocupação do narrador com a verossimilhança.

b) revela aspectos de confluência entre as vozes e os sons da natureza.

c) recorre à personificação dos animais como principal recurso estilístico.

d) produz um efeito de legitimidade atrelada à reprodução da linguagem regional.

e) expressa o fluir do rebanho e dos peões por meio de recursos sonoros e lexicais.




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